terça-feira, 28 de outubro de 2008
Sábado
Os olhos ardiam. Mal coseguia abri-los na realidade, estavam tão inchados. Tinha chorado a noite inteira, a noite inteira até adormecer. No entanto, chorou nos sonhos também. Foi o despertador que a fez acordar, deligou-o rapidamente. E ficou ali, deitada na cama, descabelada, só de calcinha e camiseta velha, meio coberta. A luz do sol que entrava pela fresta do blecaute (nunca conseguia fechar bem aquilo) batia nos pés. As unhas vermelhas brilhavam naquela luz. Ficou ali deitada por mais alguns minutos e levantou. Foi ao banheiro e se olhou no espelho. Maquiagem borrada, olhos inchados e cabelos dependeteados. Era a imagem perfeita da infelicidade. Além de tudo, estava tão cansada, tão cansada que só lavou o rosto, amarrou o cabelo e colocou uma roupa aleatória. Eram 10:17 de um sábado. Cedo demais para beber qualquer coisa que pudesse melhorar a situação. Resolveu pelo café, assim acordaria. Fez um café forte, sentou no sofá. A tv desligada, de repente pingos mirrados de chuva na janela. "Tempo esquisito o dessa cidade" pensou. Ficou sentada no sofá até a fome aparecer. Comeu qualquer coisa pronta que encontrou nos armários e voltou para o sofá. Por que ela tinha feito aquilo mais uma vez? Não sabia responder, nem nunca saberia. Ele a enganou de todas as maneiras. E ela novamente caiu na mesma brincadeira. Guardou o que estava sentindo pra si mesma mais uma vez, e dormiu no sofá. Dormia bastante ultimamente, sabia que era por causa dos sonhos. Somente nos sonhos era feliz.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Segunda
"(...) O que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão."
Achei essa frase muito conveniente. Sendo da Clarice então, ainda mais. Como eu disse, eu gosto de cravos azuis e não dos vermelhos. Sempre gostei do diferente e isso não agrada a minha família um tanto convencional, e porque não conservadora demais. Antigamente eu sumprimia meus desejos estranhos mas ao viver algum tempo sozinha não consigo mais fazer isso. Justamente por causa disso tô me sentindo a pobre ovelha da música da Rita Lee. Sim, a ovelha negra (pelo menos o cabelo não mente). Mas eu tenho feito escolhas um tanto estranhas mesmo, um tanto erradas. Mas eu não posso fazer nada se são essas as escolhas que me apetecem, são essas escolhas que me deixam viva.
Achei essa frase muito conveniente. Sendo da Clarice então, ainda mais. Como eu disse, eu gosto de cravos azuis e não dos vermelhos. Sempre gostei do diferente e isso não agrada a minha família um tanto convencional, e porque não conservadora demais. Antigamente eu sumprimia meus desejos estranhos mas ao viver algum tempo sozinha não consigo mais fazer isso. Justamente por causa disso tô me sentindo a pobre ovelha da música da Rita Lee. Sim, a ovelha negra (pelo menos o cabelo não mente). Mas eu tenho feito escolhas um tanto estranhas mesmo, um tanto erradas. Mas eu não posso fazer nada se são essas as escolhas que me apetecem, são essas escolhas que me deixam viva.
sábado, 25 de outubro de 2008
Sábado
Eu tinha pensado que o meu problema tinha apenas duas alternativas possíveis. Me surpreendi quando percebi que tinha uma terceira. E o pior de tudo, acho que é essa a certa.
ps: Se hoje fosse sexta a primeira música do meu playlist seria: The Cure - Friday I'm in love
ps: Se hoje fosse sexta a primeira música do meu playlist seria: The Cure - Friday I'm in love
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Sexta
As coisas são assim, quando você menos percebe a verdade é jogada na minha cara.
Lavei o rosto para não perceberem as lágrimas que rolavam do meu rosto.
Lavei o rosto para não perceberem as lágrimas que rolavam do meu rosto.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Segunda
Quem nunca fez experiência de colorir os cravos brancos? Ah, como ficavam lindos! Lembro bem que eu fui a única menina que fez cravos azuis. Todas as outras queriam cravos vermelhos, porque né, vermelho é de menina e azul é de menino. Uma mentira, isso sim. Queria o azul, não queria ser igual a todas as outras meninas. Minhas escolhas sempre foram diferentes. No jeito de vestir, no jeito de agir, no gosto pra meninos (principalmente no gosto pra meninos). Uma ou outra vez eu encontrava alguém com o mesmo gostinho diferente, ou como as pessoas costumam falar, meio estranho. Eu logo me identificava e viravamos grandes amigos. A primeira grande amiga não tinha os mesmos gostos meus mas tinha um gosto diferente da maioria até certo ponto. A segunda grande amiga, essa também tinha um gosto estranho mas era mais parecido com meu, compartilhamos muitas coisas. Com a terceira grande amiga dividi um pouco do gosto musical.A quarta e mais recente amiga, nossa, essa tem muitos gostos parecidos: música, literatura, filmes, pessoas...Menos os meninos, nisso a gente não concorda muito não. Enfim, os meus cravos azuis ficaram muito bonitos. Cravos vermelhos existem por aí aos montes agora, cravos azuis são mais difíceis de encontrar. Por isso, quando você achar um cravo azul (o que dificilmente vai acontecer sem corante anil) cuide bem dele.
sábado, 18 de outubro de 2008
Sábado vazio
Então aquilo era amor? Se era aquilo então ele era completamente diferente do que tinha imaginado. Casada há cinco anos devia amar certo? Não entendia. Será que o amor que lia nos romances e via nas telas do cinema era aquilo, aquele vazio que ela sentia? Disseram para ela que o amor vem com o tempo, com a convivência e que é melhor ser mais amado do que amar mais. Então desistiu daquele que fazia as mãos suarem, o coração bater mais rápido e as pernas bambearem pra ficar com o outro, que não era nada ruim mas não era 'aquele'. Ficou com o último, namoraram anos mas o amor não chegou pra ela. Casou não porque era o que realmente queria mas porque era o próximo passo na sua vida. Pensou que casando o amor chegaria aos poucos mas não. Se tornou tudo o que um dia prometeu a si mesma que não seria, uma mulher amargurada. Nunca iria amar o marido, e não era culpa dele afinal ele era uma pessoa maravilhosa, mas, infelizmente, não era 'aquele'. Nunca tinha feito seu coração quase parar, nem suas pernas bambearem e nem nunca faria. Antes estar sozinha do que estar com alguém que não ama. Era o que devia ter feito quando era mais jovem, no entando as escolhas já haviam sido feitas e as conseqüências eram aquelas, devia arcar com elas. Levantou-se da cama, colocou o roupão e foi pra cozinha. Nesse dia, ao invés do café, tomou o whisky*.
*Álcool tende a melhorar as coisas, não consuma em excesso. Você pode não querer parar.
*Álcool tende a melhorar as coisas, não consuma em excesso. Você pode não querer parar.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Sexta-Feira à moda antiga.
Quando se está sozinho em casa numa Sexta-Feira, percebe-se que alguma coisa está errada. Sextas não são feitas para ficar em casa. Olhou-se no espelho e viu que estava desaparecendo. Já tinha se desacostumado com isso. Infelizmente as coisas sempre voltam ao normal.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Da Quinta-Feira nublada
Precisava pensar. O calor e a escuridão do quarto só estavam a lhe fazer mais mal. Os fatos foram jogados na cara, estava chegando a hora de decidir e não sabia o que queria. Depois de tanto tempo, ainda não sabia. Sabia que tinha de dizer alguma coisa, de falar alguma coisa mas ainda não tinha certeza do que queria. Sabia, pelo menos, qual dos pratos da balança pesava mais, mas não sabia se era o prato mais pesado que devia ser escolhido. Não aguentou, vestiu qualquer roupa e saiu. Lá fora estava fresco, acabara de chover, haviam poças d'água aqui e ali. O céu ainda estava encoberto e parecia que logo a chuva iria recomeçar. Foi no caixa eletrônico mais próximo, fez o que tinha que fazer mas não queria voltar pra casa. Pediu um café, um café grande. Sentou-se ao ar livre. O ventinho frio pós-chuva batendo dos braços nus, um casalzinho do lado conversando e a solidão. A solidão é grande amiga daqueles que precisam pensar. Olhou os pássaros, as pessoas, o casalzinho, os cachorros de rua e a joaninha que não conseguia passar para a outra folha do arbusto. Foi então que percebeu lágrimas nos olhos. Não estava triste, não estava feliz só não sentia nada. Nada. Então por que estava chorando? Foi quando percebeu o vazio. As lágrimas cessaram. Elas eram a última coisa antes que o que restasse fosse somente o vazio. Tudo era tão vazio. Vazio, vazio, vazio. O vazio do céu, o vazio dos carros passando, do sorriso das pessoas. Não conseguia ver nada além de um grande nada. Ela também era vazia. Vazia como um vaso no qual já não existe flor nenhuma. Estava confusa mas se decidiu. Pensou no que alguém muito especial uma vez disse: "O pior não é enganar os outros é enganar a si mesmo." Era difícil admitir mas era vazia, infelizmente ninguém poderia esperar nada dela. Pelo menos agora. Olhou o relógio, " Hora de ir pra casa". O casalzinho continuava ali. Todos constinuavam, a vida também continuava mas ela tinha que ir. Quando estava chegando em casa, reparou que a luz do sol refletia na poça d'água.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Da Segunda - Feira
Na segunda-feira ela resolveu ir ao mercado. Precisava comer certo? Chegando lá, pegou o carrinho, que acabou descobrindo ter a roda estragada, e seguiu na grande missão que tinha pela frente. Ao passar por um dos corredores, apaixonou-se. Sim, apaixonou-se strictu sensu. Já pensam vocês, românticos incuráveis, que a heroína dessa história caiu de amores por um belo gajo. Pois se enganam. A mocinha caiu de amores por uma grande caneca laranja, escondidinha no meio de tantas outras canecas. "Pobre da canequinha laranja" pensou, "tão sozinha no meio de tantas outras canecas metidas." Pegou a caneca laranja, colocou-a no carrinho e quando a canequinha se deu conta estava cheia de café com leite na casa da mocinha. Enquanto isso, na cabeça da jovem cresciam ideias (sem acento, reforma na língua portuguesa né?). "E se pudessemos comprar aquelas pessoas das quais gostassemos!? Seria tão mais fácil". E de fato seria.
Primeiro, chegamos na loja que vende amores, percorremos as prateleiras para ver qual mais nos apetece e o compramos. Claro que todos os amores da loja teriam a garantia de durarem a vida toda. Pronto, todos estariam ao lado daquele que escolheram e fim. É, mas amores não se compram em loja e canecas laranja não tem sentimentos...
Primeiro, chegamos na loja que vende amores, percorremos as prateleiras para ver qual mais nos apetece e o compramos. Claro que todos os amores da loja teriam a garantia de durarem a vida toda. Pronto, todos estariam ao lado daquele que escolheram e fim. É, mas amores não se compram em loja e canecas laranja não tem sentimentos...
domingo, 12 de outubro de 2008
Domingo
Já são 19:28 e ainda há sol lá fora. Foi o que eu vi da minha janela. Não gosto de deixar a janela aberta nos domingos porque não gosto de ver o tempo passar e a noite chegar. Saber que a liberdade do fim de semana acabou não me parece legal. Mas é estranho perceber que, há alguns domingos atrás, nesse horário a noite já teria começado.
Devaneios à parte vamos ao que interessa.
Fomos tomar um café em um lugarzinho qualquer nessa cidadela e conversa vai, conversa vem chegamos no seguinte assunto: O futuro.
Ah, o futuro. Perguntei à ela quais eram os seus planos para o ano que chegava. Ela me respondeu que queria estágio, pesquisa, estudo, organização e tudo mais. Foi aí que ficamos em silêncio. O silêncio dela era quase que uma pergunta para mim: "E você, quais são os SEUS planos?". Não me desesperei ao perceber que, logo eu que sempre planejei tudo na minha vida, não tinha pensado nos meus planos para o próximo ano e que, pela primeira vez, não sabia o que queria.
Comecei a pensar e então descobri que queria apenas uma coisa para o ano que vem: ser feliz.
Estavamos em outubro e eu podia dizer, com a certeza de quem viveu, que apesar de todas as mudanças boas, aquele fora um ano triste. Aquele fora o ano que pela primeira vez eu tinha perdido a fé. Não se entenda aqui a fé religiosa mas apenas a fé em si mesmo. E continuar sem fé é quase impossível.
Fechei os olhos e foi então que descobri o que queria para o próximo ano: não ter medo de deixar a janela do quarto aberta no domingo.
Devaneios à parte vamos ao que interessa.
Fomos tomar um café em um lugarzinho qualquer nessa cidadela e conversa vai, conversa vem chegamos no seguinte assunto: O futuro.
Ah, o futuro. Perguntei à ela quais eram os seus planos para o ano que chegava. Ela me respondeu que queria estágio, pesquisa, estudo, organização e tudo mais. Foi aí que ficamos em silêncio. O silêncio dela era quase que uma pergunta para mim: "E você, quais são os SEUS planos?". Não me desesperei ao perceber que, logo eu que sempre planejei tudo na minha vida, não tinha pensado nos meus planos para o próximo ano e que, pela primeira vez, não sabia o que queria.
Comecei a pensar e então descobri que queria apenas uma coisa para o ano que vem: ser feliz.
Estavamos em outubro e eu podia dizer, com a certeza de quem viveu, que apesar de todas as mudanças boas, aquele fora um ano triste. Aquele fora o ano que pela primeira vez eu tinha perdido a fé. Não se entenda aqui a fé religiosa mas apenas a fé em si mesmo. E continuar sem fé é quase impossível.
Fechei os olhos e foi então que descobri o que queria para o próximo ano: não ter medo de deixar a janela do quarto aberta no domingo.
sábado, 11 de outubro de 2008
Sábado
Venho por meio deste expressar a minha indignação. Passei meu sábado assistindo séries norte-americanas e não me conformei com o que vi. Em todas elas as coisas acontecem como devem acontecer. Pois eu duvido muito que isso realmente aconteça nos Estados Unidos da América ou em qualquer lugar do mundo. Tenho a real certeza de que nunca, nunca mesmo, uma pessoa do meu interesse vai até o telescópio da minha universidade e me contará a história de Orfeu e Eurídice. Garanto que isso, entre outras coisas não vão acontecer. Então qual é o objetivo? Mostrar para as pessoas o quanto a vida real é, e me desculpem o termo, uma "merda"? Ah infelizmente não preciso da televisão pra saber disso, o dia-a-dia já é uma boa fonte. Eu não acredito, como muitos devem acreditar, que o que se deve passar na televsão deve aliviar a realidade, muito pelo contrário... A televisão deve mostrar a realidade e ensinar as pessoas a lidarem com situações que realmente aconteçam. Por isso convoco todos que não concordam com a fantasia televisiva esdrúxula: Indignados, uni-vos!
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Sexta (perto)
Existem dias e dias. Ouvi falar por aí, ou melhor, li por aí que quando nos sentimos sozinhos devemos escrever. Pois bem, lá vai. Tenho umas idéias pipocando nessa minha cabecinha conturbada, escuto até o barulho das pipocas estourando e estourando.
Descobri hoje que sou instável. Sim, instável. O que causa a minha instabilidade? Barulhos que não gosto de ouvir. Por exemplo o moço do ônibus que roncava e roncava e roncava. Não que eu ache que é culpa dele o ronco, mas infelizmente aquilo me irritava. Mas como isso prova a minha instabilidade? Como o rrrrrroooooonnnn do moço ecoava pelo ônibus inteiro não consegui dormir. Logo vocês se perguntam porque não li alguma coisa certo? Pois devo informar que eu passo mal com as letrinhas balançando. Enfim, pus-me a pensar em alguma coisa, pra ver se, como sempre, conseguia viajar pelos pensamentos. A primeira coisa que me veio em mente: a mudança que esse ano me proporcionou. Não podia pensar em coisas mais simples, por exemplo, como eram bonitas as cortinas das janelas do ônibus... Não, tive que pensar nas mudanças que aconteceram em mim.
Pensei no amadurecimento que tive, e me surpreendi em ver que mesmo com 17 anos estava me preocupando com coisas que pertencem a uma faixa etária muito mais velha. Pensei também no tanto de cultura que as novas pessoas ao meu redor me trouxeram. No quanto eu aprendi sobre música, cinema e é claro, não posso deixar de lado, direito nesse ano que quase acaba.
No entanto percebi que eu continuo a mesma por fora. A mesma que ainda tem medo de mudar, mas isso fica pra outro Pietra-post nesse mesmo Pietra-blog. Falava sobre ser a mesma por fora e é isso que importa para esse história sobre instabilidade.
Decidi-me então, sentada no banco balançante do grande automóvel, que iria cortar minha cabeleira encaracolada! Sim, iria cortá-la! Curtas e negras pra adequá-las ao meu novo interior: curto e negro. Aqueles cabelos compridos e encaracoladinhos já não eram mais meus mas pertenciam ao passado. O meu novo 'eu' era simples e sem enrolações. Pronto, tinha decidido.
Enfim, cheguei ao destino tão esperado. Peguei o táxi e, é claro, o moço do rrrrrrrrrrroooonnnnnnnn já não estava mais ali mas digamos que, o gosto músical do táxista não era dos melhores e a confusão mental continuou.
Ao chegar ao apartamento descobri que ali reinava um silêncio. Coloquei as malas, que ainda não desfiz, no quarto e me sentei apreciando toda aquela solidão. Foi então, sem nenhum barulho, naquela paz sonora que desisti de cortar meu cabelo. Fiquei com medo de mudar. Por isso sou tão instável. Tenho tanto medo. Ah...Me decepcionei comigo mesmo o que é pior que se decepcionar com outrem, mas amanhã é outro dia e como foi dito, existem dias e dias.
Descobri hoje que sou instável. Sim, instável. O que causa a minha instabilidade? Barulhos que não gosto de ouvir. Por exemplo o moço do ônibus que roncava e roncava e roncava. Não que eu ache que é culpa dele o ronco, mas infelizmente aquilo me irritava. Mas como isso prova a minha instabilidade? Como o rrrrrroooooonnnn do moço ecoava pelo ônibus inteiro não consegui dormir. Logo vocês se perguntam porque não li alguma coisa certo? Pois devo informar que eu passo mal com as letrinhas balançando. Enfim, pus-me a pensar em alguma coisa, pra ver se, como sempre, conseguia viajar pelos pensamentos. A primeira coisa que me veio em mente: a mudança que esse ano me proporcionou. Não podia pensar em coisas mais simples, por exemplo, como eram bonitas as cortinas das janelas do ônibus... Não, tive que pensar nas mudanças que aconteceram em mim.
Pensei no amadurecimento que tive, e me surpreendi em ver que mesmo com 17 anos estava me preocupando com coisas que pertencem a uma faixa etária muito mais velha. Pensei também no tanto de cultura que as novas pessoas ao meu redor me trouxeram. No quanto eu aprendi sobre música, cinema e é claro, não posso deixar de lado, direito nesse ano que quase acaba.
No entanto percebi que eu continuo a mesma por fora. A mesma que ainda tem medo de mudar, mas isso fica pra outro Pietra-post nesse mesmo Pietra-blog. Falava sobre ser a mesma por fora e é isso que importa para esse história sobre instabilidade.
Decidi-me então, sentada no banco balançante do grande automóvel, que iria cortar minha cabeleira encaracolada! Sim, iria cortá-la! Curtas e negras pra adequá-las ao meu novo interior: curto e negro. Aqueles cabelos compridos e encaracoladinhos já não eram mais meus mas pertenciam ao passado. O meu novo 'eu' era simples e sem enrolações. Pronto, tinha decidido.
Enfim, cheguei ao destino tão esperado. Peguei o táxi e, é claro, o moço do rrrrrrrrrrroooonnnnnnnn já não estava mais ali mas digamos que, o gosto músical do táxista não era dos melhores e a confusão mental continuou.
Ao chegar ao apartamento descobri que ali reinava um silêncio. Coloquei as malas, que ainda não desfiz, no quarto e me sentei apreciando toda aquela solidão. Foi então, sem nenhum barulho, naquela paz sonora que desisti de cortar meu cabelo. Fiquei com medo de mudar. Por isso sou tão instável. Tenho tanto medo. Ah...Me decepcionei comigo mesmo o que é pior que se decepcionar com outrem, mas amanhã é outro dia e como foi dito, existem dias e dias.
Sexta (longe)
Um meio de obter é não desejar. Engraçado, quando ouvi isso pela primeira vez achei que fosse endereçado à mim. Sempre acreditei que a política do "Segredo" não é a melhor maneira de se conseguir uma coisa mas sim de se decepcionar de maneira magistral. Li há algum tempo, na revista Superinteressante, uma teoria sobre o pessimismo. Segundo aquela reportagem as pessoas que acham que não conseguem são as que conseguem ao passo que aquelas que tem a fé que consiguirão podem até conseguir mas não se sentirão completas. Isso porque a sensação de conquista nessas pessoas dura muito menos que naquelas que achavam que não iriam conseguir e conseguem. Enfim, é por esse motivo que eu não acredito em muita coisa não... Mesmo querendo muitas coisas fico sempre com o pé atrás para que depois, se eu não consegui-las, eu não me decepcione de tal maneira que não consiga mais viver e, se caso eu as consiga, eu me contente com o que consigui e não desdenhe de minhas vitórias. Cada qual tem o direito de acreditar no que quiser. Se ver a vida através do copo meio vazio faz mal, isso já não posso responder. É claro que a partir de um momento as roupas vão ficando mais cinzas, beges e pretas mas é melhor se acostumar a viver assim do que, de repente, tudo que era azul ficar cinza. Não digo que se deve perder a fé, pois viver sem fé é quase impossível, mas não se pode pensar que apenas com o "pensamento positivo" se consegue tudo pois no momento em que não se consegue uma coisa a porcentagem de uma tentativa de suícidio deve aumentar um tanto, enquanto ao se ver a vida de forma pessimista (ou na minha humilde opinião, realista) essa porcentagem tende a permanecer igual ou a diminuir na medida em que se consegue coisas que se presumiam impossíveis. Fica a dica.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Segunda
Acordou com o sol na sua cara. Ah como era ruim aquilo, queria dormir mais mas o sol não deixava. Só chovia quando ela não podia dormir, quando podia, o sol nascia mais forte que nunca. Enfim, acordou. Levantou, tomou um banho. Fazia tempo que não lembrava de um sonho como naquele dia. Parecia tão real que ao acordar não sabia se era verdade ou sonho, sentia aquela sensação esquisita. Era bom estar sozinha naqueles minutos, era bom estar sozinha. Pensar em nada, falar sozinho. Não entendia porque diziam que a solidão era uma coisa ruim. Quando se está só, ninguém te julga, ninguém te odeia, a única pessoa que te conhece é você mesmo. "É doce a solidão" pensava. De repente muitas pessoas invadiram o quarto branco, todas falando ao mesmo tempo. Ela começou a gritar, não aguentava tantas vozes. Quem eram todos aqueles?
"Está na hora do remédio" pensou a enfermeira. Ah como tinha dó da jovem que gritava sozinha no quarto 23.
"Está na hora do remédio" pensou a enfermeira. Ah como tinha dó da jovem que gritava sozinha no quarto 23.
domingo, 5 de outubro de 2008
Domingo
Sou uma pessoa que acredita em sinais. Se é pra alguma coisa acontecer tem que haver um sinal. Só que pra mim, sinais não são sensações. Os sinais tem que ser reais, perceptíveis à todos não só pro meu interior pois, se fosse este o caso, seria apenas a minha vontade e não um sinal de verdade. Eu acredito num Deus, pode não ser o mesmo Deus seu ou talvez você nem acredite em nada, mas eu acredito nesse Deus. E é pra ele que eu peço um sinal quando estou numa situação de escolha. Não sei tomar decisões sozinha. Grande culpa disso creio que é do meu querido 'papis' que não me deixava decidir por conta. Agora eu fico nessa de vou ou não vou. Pois é, então esse post é pra esse Deus que eu acredito, porque já faz um tempo que eu tenho pedido pra ele me dar um sinal pra ver se eu decido logo essa pendênga na minha vidinha mais ou menos. Vai lá Cara, tô aqui expondo minha situação e pedindo publicamente tua ajuda. Agora é contigo Mermão. Enquanto o meu pedido é protocolado na seção de pedidos para Deus eu fico por aqui, fazendo das tripas coração e arrancando pedaços de testa.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Sexta
Era uma sexta feira comum na cidade. As nuvens já se organizavam para despencarem em gotas da mesma maneira que na sexta passada. E era sempre, sempre assim. Tinha até contado os cinco fins de semana seguidos que chovia. Não reclamava, gostava de chuva. O sol não lhe fazia bem e ele não gostava de calor. Gostava do vento que antecede a chuva, se pudesse...Ah se pudesse. Todos estavam esperando algo dele, ela esperava algo dele. Estava cansado. Trabalhava o dia todo, mal comia. Estava magro, com olheiras e abatido. Mas ninguém percebia, ninguém notava, nem uma viva alma se compadecia daquele ser. O número de cigarros que consumia por dia aumentava geométricamente e bebia cada vez mais. Estava sujo, jogado. Foi na cozinha procurar comida mas só encontrou uma cebola solitária na geladeira e alguns biscoitos água e sal no armário. A vadia da ex-mulher estava sugando tudo o que tinha, não só o dinheiro mas a alma. Lembrava-se do dia que pegou a cadela com o síndico gorda na sua cama. 'Na minha cama, sua puta!'. Aquela vidinha, que já era uma merda, ficou ainda pior. O trabalho era terrível, os colegas de trabalho então...Uh gentinha metida à besta. Sentiu uma rajada de vento vinda da janela. Nenhum parente, nenhuma mulher, nenhum amigo. Era sozinho. Ah se pudesse... Foi para a janela ver o início da chuva. Na mesma hora virou brisa.
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