quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Da Quinta-Feira nublada

Precisava pensar. O calor e a escuridão do quarto só estavam a lhe fazer mais mal. Os fatos foram jogados na cara, estava chegando a hora de decidir e não sabia o que queria. Depois de tanto tempo, ainda não sabia. Sabia que tinha de dizer alguma coisa, de falar alguma coisa mas ainda não tinha certeza do que queria. Sabia, pelo menos, qual dos pratos da balança pesava mais, mas não sabia se era o prato mais pesado que devia ser escolhido. Não aguentou, vestiu qualquer roupa e saiu. Lá fora estava fresco, acabara de chover, haviam poças d'água aqui e ali. O céu ainda estava encoberto e parecia que logo a chuva iria recomeçar. Foi no caixa eletrônico mais próximo, fez o que tinha que fazer mas não queria voltar pra casa. Pediu um café, um café grande. Sentou-se ao ar livre. O ventinho frio pós-chuva batendo dos braços nus, um casalzinho do lado conversando e a solidão. A solidão é grande amiga daqueles que precisam pensar. Olhou os pássaros, as pessoas, o casalzinho, os cachorros de rua e a joaninha que não conseguia passar para a outra folha do arbusto. Foi então que percebeu lágrimas nos olhos. Não estava triste, não estava feliz só não sentia nada. Nada. Então por que estava chorando? Foi quando percebeu o vazio. As lágrimas cessaram. Elas eram a última coisa antes que o que restasse fosse somente o vazio. Tudo era tão vazio. Vazio, vazio, vazio. O vazio do céu, o vazio dos carros passando, do sorriso das pessoas. Não conseguia ver nada além de um grande nada. Ela também era vazia. Vazia como um vaso no qual já não existe flor nenhuma. Estava confusa mas se decidiu. Pensou no que alguém muito especial uma vez disse: "O pior não é enganar os outros é enganar a si mesmo." Era difícil admitir mas era vazia, infelizmente ninguém poderia esperar nada dela. Pelo menos agora. Olhou o relógio, " Hora de ir pra casa". O casalzinho continuava ali. Todos constinuavam, a vida também continuava mas ela tinha que ir. Quando estava chegando em casa, reparou que a luz do sol refletia na poça d'água.

Nenhum comentário: