sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sexta (perto)

Existem dias e dias. Ouvi falar por aí, ou melhor, li por aí que quando nos sentimos sozinhos devemos escrever. Pois bem, lá vai. Tenho umas idéias pipocando nessa minha cabecinha conturbada, escuto até o barulho das pipocas estourando e estourando.
Descobri hoje que sou instável. Sim, instável. O que causa a minha instabilidade? Barulhos que não gosto de ouvir. Por exemplo o moço do ônibus que roncava e roncava e roncava. Não que eu ache que é culpa dele o ronco, mas infelizmente aquilo me irritava. Mas como isso prova a minha instabilidade? Como o rrrrrroooooonnnn do moço ecoava pelo ônibus inteiro não consegui dormir. Logo vocês se perguntam porque não li alguma coisa certo? Pois devo informar que eu passo mal com as letrinhas balançando. Enfim, pus-me a pensar em alguma coisa, pra ver se, como sempre, conseguia viajar pelos pensamentos. A primeira coisa que me veio em mente: a mudança que esse ano me proporcionou. Não podia pensar em coisas mais simples, por exemplo, como eram bonitas as cortinas das janelas do ônibus... Não, tive que pensar nas mudanças que aconteceram em mim.
Pensei no amadurecimento que tive, e me surpreendi em ver que mesmo com 17 anos estava me preocupando com coisas que pertencem a uma faixa etária muito mais velha. Pensei também no tanto de cultura que as novas pessoas ao meu redor me trouxeram. No quanto eu aprendi sobre música, cinema e é claro, não posso deixar de lado, direito nesse ano que quase acaba.
No entanto percebi que eu continuo a mesma por fora. A mesma que ainda tem medo de mudar, mas isso fica pra outro Pietra-post nesse mesmo Pietra-blog. Falava sobre ser a mesma por fora e é isso que importa para esse história sobre instabilidade.
Decidi-me então, sentada no banco balançante do grande automóvel, que iria cortar minha cabeleira encaracolada! Sim, iria cortá-la! Curtas e negras pra adequá-las ao meu novo interior: curto e negro. Aqueles cabelos compridos e encaracoladinhos já não eram mais meus mas pertenciam ao passado. O meu novo 'eu' era simples e sem enrolações. Pronto, tinha decidido.
Enfim, cheguei ao destino tão esperado. Peguei o táxi e, é claro, o moço do rrrrrrrrrrroooonnnnnnnn já não estava mais ali mas digamos que, o gosto músical do táxista não era dos melhores e a confusão mental continuou.
Ao chegar ao apartamento descobri que ali reinava um silêncio. Coloquei as malas, que ainda não desfiz, no quarto e me sentei apreciando toda aquela solidão. Foi então, sem nenhum barulho, naquela paz sonora que desisti de cortar meu cabelo. Fiquei com medo de mudar. Por isso sou tão instável. Tenho tanto medo. Ah...Me decepcionei comigo mesmo o que é pior que se decepcionar com outrem, mas amanhã é outro dia e como foi dito, existem dias e dias.

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